
A polêmica: Sobre o zoológico e sobre os animais
Apesar de ser um assunto polêmico insistentemente discutido por quem visitou ou pretende visitar, o zoológico de Lujan é bem procurado o ano inteiro por turistas de todo o mundo. Ele permite que você tenha contato direto com os animais, tocando-os e alimentando-os dentro das jaulas. E por esse motivo, a pergunta que nunca cala: eles são ou não dopados? Como pessoas podem chegar tão perto de animais tão selvagens sem que nada aconteça? Indignada com essas questões e extrema defensora dos animais, resolvi perguntar para moradores e trabalhadores da cidade de Buenos Aires o que eles achavam a respeito disso. A população é meio dividida quanto ao assunto. Alguns afirmam que eles são dopados sim e recriminam os turistas que vão lá para sair com uma foto inesquecível ao lado de um leão cuja pata é maior do que a sua cabeça. Outros afirmam que eles não são dopados e que se fossem, a fiscalização já teria fechado o local e aplicado as penalidades. Dizem que os animais mais ferozes, como tigres e leões são criados desde que nascem com filhotes de cachorro, e que por isso, tornam-se animais domesticados, assim como os cães. Será mesmo? Será que o instinto selvagem desses animais é controlável?
Minha percepção:
Apesar de o zoológico ser bem simples, com pouca infra-estrutura, achei os animais bem tratados, sem ferimentos, com boa aparência. Os tratadores (os que eu conheci) foram simpáticos e pareciam gostar dos animais e do que faziam. O que realmente me incomodou (e muito, de doer o coração) foi ver metade dos animais caídos, com a língua de fora, dormindo, parecendo literalmente que estavam mortos. Os cachorros adultos ficam na mesma jaula que os ferozes tigres e leões, compartilhando o mesmo espaço, brincando, lambendo uns aos outros. Mas outra coisa que me incomodou foi ver um desses cachorros indo em direção a um pedaço fresco de carne (presume-se que se foi até a carne, é porque tinha interesse em comê-la), cheirar, dar meia volta e não comer. Aquilo me fez pensar que havia sim algo de diferente no alimento dos animais. Uma outra que me chamou a atenção foi reparar que os animais de dia ficam menos ativos, e quando do fim do dia para a noite, já ficam bem mais agitados. Visitei uma jaula com 3 tigres em torno das 16h/17h, já escurecendo, e eles estavam muito agitados, andando de um lado para o outro, diferentemente do período da manhã, quando os mesmos estavam dormindo. Se você perceber, sempre tem um acordado e outro dormindo, parece que revezam.
Minha conclusão (e quero acreditar nisso): imagino que seja um meio termo. Não falo que os animais são dopados, mas acredito que recebam um tranquilizante para ficarem mais calmos. E é verdade, os filhotes são criados com cachorros, dormem juntos, brincam juntos, e quando crescem parece que há uma relação afetiva entre eles (vi um tigre enorme lambendo um cachorro – a língua dele era do tamanho do bichinho). Claro que dessa relação, não podemos afastar a ideia de que um belo dia o leão pode acordar de pá virada e atacar um cachorro.
Para quem gostaria muito de ter esse contato e passar por essa experiência, vale a pena a visita, mas evite ficar abusando dos animais, mexendo muito neles para forçá-los a fazer pose para a foto da sua vida. Coloque-se no lugar dele e imagine você posando para mais de 300 fotos por dia. Você não ia gostar.
Se você não gosta de ver animais sofrendo (não porque são maltratados, mas porque dá dó mesmo de vê-los caidões), não vá.
Se você não sabe o que pensa, vá e tire suas próprias conclusões.
Ah, lembre-se de seguir as instruções dos tratadores que ficam dentro das jaulas para que tudo saia nos conformes, como tocar somente do corpo para baixo e jamais na cabeça dos animais.
Como Chegar?
Opção 1: existem várias vans que ficam paradas em frente ao Obelisco que fazem esse trajeto Centro – Lujan – Centro. O ideal é você ir um dia antes e deixar marcado, pois corre o risco de estarem cheias no dia.
Opção 2: você pode reservar com agentes de viagens e fazer um tour até lá de forma privada. É mais confortável, vai só você e as pessoas que estiverem te acompanhando. Mas é mais caro, justamente por ser privativo e mais confortável e flexível.
Opção 3: a opção mais barata, sem dúvida, é ir por conta própria, de ônibus. É fácil, acessível, só que demora um pouco mais. Mas nada de outro mundo. Se você sair cedinho e voltar no fim da tarde, consegue aproveitar muito bem o passeio. A viagem demora cerca de 1h30. O ônibus é o da linha 57 e sai da Plaza Italia, Palermo. Lembre-se; os ônibus em Buenos Aires não aceitam nota, somente moedas! Então vá preparado com suas monedas para não perder o passeio. E sim, é muito dificil trocar moedas em Buenos Aires. Fiquei mais de 1h tentando trocar e nada. Uma dica super útil e extremamente necessária, na minha opinião, é o cartão subte, comprado em qualquer kiosco da cidade. (Explico mais nesse post aqui).
Minha experiência:
Escolhi a opção mais barata, claro, porque certamente a economia serviria para pagar outra coisa, provavelmente os custos do resto do dia hahaha
Estava hospedada em Palermo, a duas quadras da plaza Italia, então foi bem fácil chegar até a parada desse ônibus. Salvo engano, a passagem custou 16 pesos para ir e 16 para voltar. Peguei um pequeno trânsito para sair de Buenos Aires (trânsito normal de cidade grande, em dia de semana, e na hora do rush: ida umas 09h e volta umas 17h). O motorista nos deixou praticamente na entrada do Zoo. Recebemos um mapa de onde estava cada animal e a entrada custou cerca de 150 pesos. Para voltar, esperamos o ônibus pouco tempo, mas você tem que ficar bem atento para ele não passar direto. Acredito que se você perder um, vai ficar esperando um tempinho até que outro passe e a região não é movimentada, além de ir escurecendo.
O famoso e polêmico Zoológico de Lujan


